Os parentes do jovem Welson Figueredo Macedo, de 28 anos, lutam por justiça à memória dele enquanto lidam com o luto da perda. Funcionário terceirizado da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), Welson foi morto em 9 de julho, no bairro de Castelo Branco, por policiais militares.
À época, a PM disse que ele foi baleado em confronto com a polícia após ter roubado um casal. Porém, imagens de câmeras de segurança, obtidas com exclusividade pela TV Bahia, contestam essa versão.
Os registros apontam que Welson saiu do trabalho, deixou um amigo em casa e foi abordado por policiais militares. Ele estava desarmado.
Ainda assim, o jovem foi baleado por um dos agentes. Ele chegou a ser levado para uma unidade de saúde, onde começou a ser operado, mas não resistiu aos ferimentos.
Para o pai de Welson, Elieson Macedo, tem sido difícil lidar com a dor.
“A família está destruída. Destruiu a minha família e a família de meu filho”, declarou em entrevista ao Bahia Meio Dia, telejornal da TV Bahia.
De acordo com Macedo, a mãe de Welson precisou deixar o trabalho, pois segue muito abalada. O jovem deixou ainda esposa e um filho de 8 anos.
Investigação em curso
A morte de Welson é investigada pela Polícia Civil. Em agosto, a instituição chegou a pedir o afastamento dos três policiais militares envolvidos na ocorrência, argumentando que o relatório do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) aponta contradições nas versões apresentadas por eles.
Outro argumento usado foram evidências de que a viatura e a moto de Welson foram removidas do local antes da realização da perícia, o que comprometeu a coleta de provas e a análise da cena. Além disso, as vítimas do roubo informaram que não reconheceram Welson como um dos assaltantes — depoimento que rebate o relato dos policiais.
Apesar disso, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) negou os pedidos de afastamento e solicitou novas perícias. Procurado pela TV Bahia, o MP-BA disse que o inquérito está em andamento de forma regular.
De acordo com a Polícia Militar, a sindicância aberta pela corregedoria está em fase final, aguardando o resultado dos laudos periciais.
Relembre o caso
Em nota divulgada à época, a PM disse que agentes da 47ª Companhia Independente (CIPM/Pau da Lima) faziam rondas na região, quando avistaram três suspeitos assaltando um casal. Com a aproximação, o trio teria atirado contra a viatura e fugido em seguida.
Momentos depois, a corporação teria recebido denúncias de que eles estavam no fim de linha do bairro. Com isso, teria ocorrido troca de tiros entre agentes e suspeitos, com um dos criminosos baleado. O suposto assaltante seria Welson, levado para o Hospital Eládio Lasserre, onde morreu durante uma cirurgia. Os militares teriam ainda apreendido com ele um revólver e munições de calibre 38, além da motocicleta.
Cerca de quatro meses após o crime, a TV Bahia reuniu informações que contestam os relatos policiais. Tanto imagens da área quanto os depoimentos das vítimas do assalto indicam que Welson não estava armado.